quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Morfologia: Estrutura das palavras

Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras , compreende-se melhor o significado de cada uma delas. Observe os exemplos abaixo:
Art-ista                                              brinc-a-mos                       cachorr-inh-a-a







A análise destes exemplos mostra-nos que as palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas.
Análise da palavra "cachorrinhas":
É possível observar facilmente a existência de quatro elementos. São eles:
cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o significado.
inh - indica que a palavra é um diminutivo
a - indica que a palavra é feminina
s - indica que a palavra se encontra no plural


Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo.
Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores, tais como: mar, sol, lua, etc.


Morfema zero – é quando a palavra não possui uma letra para indicar a flexão, que é representada por outros recursos.
Ex.: mar – Nessa palavra, há morfema zero. Isso por que não há nenhuma desinência que indique o singular. Sabe-se que é singular por que em português, o morfema que indica o plural é “s”. A ausência dele (morfema zero) indica o singular.
O morfema zero é indivisível em unidades menores de significado.
A dupla sapato / sapatos, aliás, fornece um bom exemplo de morfema ZERO, isto é, do FATO lingüístico de que um sentido (o de singular) não é marcado (em português). Ou seja, nós sabemos que um nome está no singular (isto é, que se refere a uma unidade) apenas porque ela não tem marca de plural. Ou seja, que a marca de singular é ZERO, que o singular não é marcado em português.
Alomorfe-

É a passagem de uma forma para outra diferente, metamorfose. Sendo assim, quando há alomorfia existe uma mudança apenas na forma, porém conserva-se função e significado daquele fonema. A alomorfia é a mudança na forma de um morfema.
Para melhor compreensão, nota-se as ocorrências do prefixo IN-: infeliz, incomum, indubitável, inconstante, etc. Em todos os casos o fonema tem a mesma função, a de negar o significado da palavra que vem em seguida a ele. Acontece, porém, que há também as palavras imoral, ilegal, ilícito, irrepreensível, às quais é acrescido o prefixo I-, que tem exatamente o mesmo significado que IN. Não é coincidência. Neste caso, o prefixo IN sofreu uma alomorfia, uma mudança de forma, e pode ser identificado através de dois ALOMORFES: IN e I.
Alomorfes são, portanto, as diferentes formas que um mesmo morfema pode adquirir ao sofrer o processo de alomorfia. Esta mobilidade, este processo de mutação constante na língua ocorre por conta de uma das suas principais características: o dinamismo da língua. Como ela não é parada, estática, mudanças ocorrerem todos os dias, cada vez que alguém cria uma palavra ou expressão nova, ou cada vez que utiliza de maneira inusitada aquela palavra comum, à qual todos já estão acostumados.

São elementos mórficos:
1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos
2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática:elementos modificadores da significação dos primeiros
3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos.
Raiz
É o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras, consideradas do ângulo histórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma família etimológica. Observe o exemplo:
Raiz noc [Latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, etc.
Obs.: uma raiz pode sofrer alterações. Exemplo:
at-o
at-or
at-ivo
aç-ão
ac-ionar
Radical
Observe o seguinte grupo de palavras:
livr-
o
livr-
inho
livr-
eiro
livr-
eco
O elemento livr serve de base para o significado. Esse elemento é chamado de radical (ou semantema).
Radical: elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo dos elementos secundários (quando houver) da palavra.
cert-o
cert-eza
in-
cert-eza
Afixos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas. O acréscimo do morfema "-mente", por exemplo, cria uma nova palavra a partir de "certo": certamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas "a-"e "-ar" à forma "cert-"cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são morfemas capazes de operar mudança de classe gramatical na palavra a que são anexados.
Quando são colocados antes do radical, como acontece com "a-",os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como "-ar", surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos.
Prefixo
Radical
Sufixo
in
at
ivo
em
pobr
ecer
inter
nacion
al

Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois tipos:
Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero(masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.
Exemplos:
alun-o
aluno-s
alun-a
aluna-s
Observação: só se pode falar em desinências nominais de gêneros e de números em palavras que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência nominal de número.
Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos.
Exemplos:
compr-o
compra-s
compra-mos
compra-is
compra-m
compra-va
compra-va-s



A desinência "-o", presente em "am-o", é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; "-va", de "ama-va", é desinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.

Vogal Temática é a vogal que se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três vogais temáticas:
A
Caracteriza os verbos da conjugação.
Exemplos:
buscar, buscavas, etc.
E
Caracteriza os verbos da conjugação.
Exemplos:
romper, rompemos, etc.
I
Caracteriza os verbos da conjugação.
Exemplos:
proibir, proibirá, etc.


Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal temática. Nos verbos citados acima, os temas são:
busca-, rompe-, proibi-
Vogais e Consoantes de Ligação
As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.
Exemplo:
parisiense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i)
Outros exemplos:
gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.


Morfologia lexical

Lexema – é um conjunto de palavras de mesma classe morfológica que se distribuem de forma complementar e diferem morfologicamente entre si unicamente por sufixos flexivos.

Formação das Palavras
Existem dois processos básicos pelos quais se formam as palavras: a derivaçãoe a composição. A diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no processo de composição sempre haverá mais de um radical.
Derivação
Derivação é o processo pelo qual se obtém uma palavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente, chamada primitiva. Observe o quadro abaixo:
Primitiva
Derivada
Mar
marítimo, marinheiro, marujo
Terra
enterrar, terreiro, aterrar
Observamos que "mar" e "terra" não se formam de nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a formação de outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, mar e terra são palavras primitivas, e as demais, derivadas.
Tipos de Derivação
Derivação Prefixal ou Prefixação
Resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado. Veja os exemplos:
crer- descrer
ler-
reler
capaz-
incapaz
Derivação Sufixal ou Sufixação
Resulta de acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical.
Por Exemplo:
alfabetização
No exemplo acima, o sufixo -ção transforma em substantivoo verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar.
A derivação sufixal pode ser:
a) Nominal, formando substantivos e adjetivos.
Por Exemplo:
Papel -  papelaria
riso - risonho
b) Verbal, formando verbos.
Por Exemplo:
atual - atualizar
c) Adverbial, formando advérbios de modo.
Por Exemplo:
feliz - felizmente
Derivação Parassintética ou Parassíntese
Ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Por meio da parassíntese formam-se nomes (substantivos e adjetivos) e verbos.
Considere o adjetivo " triste". Do radical "trist-" formamos o verbo entristecer através da junção simultânea do prefixo "en-" e do sufixo "-ecer". A presença de apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras "entriste", nem "tristecer".
Exemplos:
Palavra Inicial
Prefixo
Radical
Sufixo
Palavra Formada
mudo
E
mud
ecer
emudecer
alma
Dês
alm
ado
desalmado

Atenção!
Não se deve confundir derivação parassintética, em que o acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente simultâneo, com casos como os das palavras desvalorização e desigualdade. Nessas palavras, os afixos são acoplados em sequência: desvalorização provém de desvalorizar, que provém de valorizar, que por sua vez provém de valor.
É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por parassíntese: não se pode dizer que expropriar provém de "propriar" ou de "expróprio", pois tais palavras não existem. Logo, expropriar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.


Derivação Regressiva
Ocorre derivação regressiva quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução.
Exemplos:
comprar (verbo)
beijar (verbo)
compra (substantivo)
beijo (substantivo)

Saiba que:
Para descobrir se um substantivo deriva de um verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir a seguinte orientação:
- Se o substantivo denota ação, será palavra derivada, e o verbo palavra primitiva.
- Se o nome denota algum objeto ou substância, verifica-se o contrário.
Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo indicam ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo não ocorre, porém, com a palavra âncora, que é um objeto. Neste caso, um substantivo primitivo que dá origem ao verbo ancorar.
Por derivação regressiva, formam-se basicamente substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome de substantivos deverbais. Note que na linguagem popular, são frequentes os exemplos de palavras formadas por derivação regressiva. Veja:
o portuga (de português)

o
boteco (de botequim)

o
comuna (de comunista)
Ou ainda:
agito (de agitar)
amasso (de amassar)
chego (de chegar)
Obs.: o processo normal é criar um verbo a partir de um substantivo. Na derivação regressiva, a língua procede em sentido inverso: forma o substantivo a partir do verbo.
Derivação Imprópria
A derivação imprópria ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical. Neste processo:
1) Os adjetivos passam a substantivos
Por exemplo:
Os bons serão contemplados.
2) Os particípios passam a substantivos ou adjetivos
Por exemplo:
Aquele garoto alcançou um feito passando no concurso.
3) Os infinitivos passam a substantivos
Por exemplo:
O andar de Roberta era fascinante.

O
badalar dos sinos soou na cidadezinha.
4) Os substantivos passam a adjetivos
Por exemplo:
O funcionário fantasma foi despedido.
O menino prodígio resolveu o problema.
5) Os adjetivos passam a advérbios
Por exemplo:
Falei baixo para que ninguém escutasse.
6) Palavras invariáveis passam a substantivos
Por exemplo:
Não entendo o porquê disso tudo.
7) Substantivos próprios tornam-se comuns.
Por exemplo:
Aquele coordenador é um caxias! (chefe severo e exigente)
Observação: os processos de derivação vistos anteriormente fazem parte da Morfologia porque implicam alterações na forma das palavras. No entanto, a derivação imprópria lida basicamente com seu significado, o que acaba caracterizando um processo semântico. Por essa razão, entendemos o motivo pelo qual é denominada "imprópria".
Composição
Composição é o processo que forma palavras compostas, a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos:
Composição por Justaposição
Ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética.
Exemplos:
passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor
Obs.: em "girassol" houve uma alteração na grafia (acréscimo de um "s") justamente para manter inalterada a sonoridade da palavra.
Composição por Aglutinação
Ao unirem-se dois ou mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou mais de seus elementos fonéticos.
Exemplos:
embora (em boa hora)

fidalgo (filho de algo - referindo-se a família nobre)

hidrelétrico (hidro + elétrico)

planalto (plano alto)
Obs.: ao aglutinarem-se, os componentes subordinam-se a um só acento tônico, o do último componente.
Redução
Algumas palavras apresentam, ao lado de sua forma plena, uma forma reduzida. Observe:
auto - por automóvel

cine - por cinema

micro - por microcomputador

- por José
Hibridismo
Ocorre hibridismo na palavra em cuja formação entram elementos de línguas diferentes.
Por Exemplo:
auto (grego) + móvel (latim)

Onomatopeia
Numerosas palavras devem sua origem a uma tendência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopéias são vocábulos que reproduzem aproximadamente os sons e as vozes dos seres.
Exemplos:
miau, zumzum, piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc.


Morfologia flexional:

Flexão ou variação mórfica para indicar categorias gramaticais.

EX.: Boi --> Bois

Na morfologia flexional se encontram diversas categorias de morfemas:

1) Gênero: divide os nomes em classes, que são diferentes em diferentes línguas.

Sexo (masc, fem, neutro), Vitalidade (animado, inanimado), Configuração externa (redondos, finos, curtos, etc.)

2) Número: indica quantificações ou enumerações. (singular e plural)

3) Caso: é uma maneira de assinalar morficamente a função sintática da palavra na sentença.

4) Tempo: marca o momento em que ocorre aquilo que o verbo expressa em relação ao momento em que se fala

5) Pessoa: indica a posição dos participantes no ato da fala (1ªp. , 2ªp. , 3ªp. )

6) Modo: expressa a atitude do falante em relação ao que ele vai dizer: certeza (indicativo), incerteza (subjuntivo), desejo
(optativo), ordem (imperativo).

7) Aspecto: diz respeito à relação entre o evento e sua duração ou desenvolvimento.

8) Voz: categoria que expressa a relação entre o verbo e seus complementos. Ex.: voz passiva, voz ativa, reflexiva.


Referências:
                          
SACCONI, Luiz Antonio. Gramática essencial ilustrada. 18. ed. ref. e ampl. São Paulo: Ática, 1999.

SÓ PORTUGUES. Morfologia. Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/. Acesso em: 28 ago. 2011.






De:elaine.testoni (elaine.testoni@bol.com.br)
Enviada:quinta-feira, 1 de setembro de 2011 11:26:59
Para: s1letras@hotmail.com
Cc: martenze@hotmail.com


"Olá, Marte

Encaminho material de apoio para as aulas de morfologia.
Peço, por gentileza, que envie à sala.

Abraços,
profa. Elaine."








* Obs: Anexo enviado por e-mail a todos os alunos, caso não tenha recebido solicitar atraves dos comentarios ou pessoalmente na sala de aula




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