sábado, 26 de novembro de 2011

RESPOSTAS REFERENTE AO FUNDEB

Respostas as perguntas sobre Fundeb

ENVIADA POR CAMILO

    
      1. O que e o Fundeb?
             R.
O Fundeb foi criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei
nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/20071, em substituição ao Fundef, que vigorou de
1998 a 2006. Trata-se de fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (umFundo por Estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete Fundos), formado por parcela
fi nanceira de recursos federais e por recursos provenientes dos impostos e das transferências
dos Estados, Distrito Federal e Municípios vinculados à educação por força do disposto no
art. 212 da Constituição Federal. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuidopara aplicação exclusiva na educação básica.

.

2. Porque o Fundef foi substituído pelo Fundeb?
R. Para que houvesse uma maior abrangência e houvesse a inclusao do ensino médio e a inclusão dos portadores de deficiência física e mentais.

3.No Fundeb, qual o destino do dinheiro arrecadado?
R. São destinatários dos recursos do Fundo os Estados, Distrito Federal e Municípios que    
              oferecem atendimento na educação básica.
            
            4. Qual a função do censo escolar para o Fundeb
            R.O censo escolar e fundamental para a distribuição dos recursos,pois são considerado as matriculas nas escolas publicas e conveniadas.
           
            5.  Qual a % da arrecadação do Fundeb e destinado ao fundo e quanto deste e utilizado para o pagamento dos profissionais da Educacao?
             R. 18% da união e 25% dos estados e municípios, e para pagamento dos profissionais de educação e destinado 60%  .
           
            6.Quanto em % deve ser garantido dos impostos para o Fundeb?Quais são estes impostos?
            R.Deve ser garantido 20% do total dos impostos.Os impostos são:
Fundo de Participação dos Estados (FPE);
􀂃 Fundo de Participação dos Municípios (FPM);
􀂃 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre prestação de Serviços (ICMS);
􀂃 Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp);
􀂃 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e doações de quaisquer bens ou direitos
(ITCMD);
􀂃 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
􀂃 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (cota-parte dos Municípios) (ITRm);
􀂃 recursos relativos à desoneração de exportações de que trata a LC nº 87/96;
􀂃 arrecadação de imposto que a União eventualmente instituir no exercício de sua competência
(cotas-partes dos Estados, Distrito Federal e Municípios);

ATIVIDADE DE LINGUISTICA

OBJETIVOS

·         reconhecer a Semântica formal aplicada nos textos em análise, conforme Fiorin (org.) 2010.


1-      Analise os pares de sentenças abaixo e diga se há acarretamento da primeira para a segunda sentença. Justifique suas respostas. (1,0)

a)      O tempo está nublado.
b)      O tempo é de chuva.

c)       Eu fui à fazenda.
d)      Eu fui ao sítio.

e)      O Pedro cozinhou um ovo.
f)       O Pedro ferveu um ovo.

g)      O Ricardo ferveu um ovo.
h)      O Ricardo cozinhou um ovo.

i)        A Cecília viu uma menina correndo.
j)        A Cecília viu uma pessoa correndo.

k)      O Juca ouviu uma pessoa cantando.
l)        O Juca ouviu um homem cantando.

m)    Hoje teve sol.
n)      Hoje fez calor.

o)      O Rui sempre come sobremesa depois do almoço.
p)      O Rui sempre come doce depois do almoço.

q)      O João tirou nota 10 na prova.
r)       Alguém tirou nota 10 na prova.

s)       O João e a Maria são casados.
t)       O João é casado com a Maria.


2-      Examine os pares de sentenças abaixo e diga se eles podem ser considerados paráfrases: (0,5)

a)      Ana emprestou-me um casaco preto.
b)      Eu emprestei de Ana um casaco preto.

c)       O João é o irmão do Thiago.
d)      O Thiago é irmão do João.

e)      Meu primo é dono desta casa.
f)       Esta casa pertence ao meu primo.

g)      Alguns estados brasileiros não são banhados pelo mar.
h)      Nem todos os estados brasileiros são banhados pelo mar.

i)        O Pedro vendeu o livro para um amigo de Joana.
j)        Um amigo de Joana comprou o livro de Pedro.

3-      Verifique os pares de sentenças abaixo e diga se a segunda sentença do par pode ser pressuposta da primeira. Lembre-se que a pressuposição lógica é uma relação que se estabelece quando tanto a verdade quanto a falsidade da primeira sentença implicam a verdade da segunda: (1,5)

a)      O João tirou nota 10 na prova.
b)      Alguém tirou nota 10 na prova.

c)       Foi a Maria que tirou nota 10 na prova.
d)      Alguém tirou nota 10 na prova.

e)      O Luís começou a tocar clarineta.
f)       O Luís não tocava clarineta.

g)      Só o João sabe o caminho para a casa do Marcelo.
h)      Ninguém mais sabe o caminho para a casa do Marcelo.

i)        A Regina continua morando em São Paulo.
j)        A Regina morava em São Paulo.





Bom trabalho!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Panorama da Linguística

LINGUÍSTICA – UM BREVE PANORAMA

Ana Paula C. Zerrener - USP


LÍNGUA: é um instrumento de comunicação, com um sistema de signos específicos aos membros de uma determinada comunidade. Ex. língua portuguesa, língua inglesa, etc.
·         LÍNGUA é social, existe na coletividade;
·         FALA é individual
Através de uma “língua” manifesta-se, exteriormente, a capacidade humana a que chamamos “linguagem”.

LINGUAGEM: capacidade que os homens têm de se comunicar; é um conceito mais amplo que “língua”, pois inclui vários tipos de comunicação, seja através de palavras, símbolos, gestos, etc. A linguagem pode ser:
·         verbal - utiliza-se de palavras, pode ser oral ou escrita (do latim verbalis à de palavras);
·        não-verbal – utiliza-se de imagens, símbolos, sinais, por exemplo: línguas de sinais, uma placa de trânsito,  ® , §, ,
LINGUÍSTICA: em linhas gerais, é o estudo científico da linguagem humana, tomando por base a língua, que é objeto suscetível de classificação.
à Para Saussure a língua é o objeto de estudo da Linguística.

Saussure, 1916, Curso de Linguística Geral à ESTRUTURALISMO

à Dicotomias:
                                                                              SINCRONIA
LANGUE (LÍNGUA)           X
LINGUAGEM                     X                              DIACRONIA
PAROLE (FALA)
Sincronia: estuda a língua em um dado momento, observando, descrevendo e analisando os fatos tais como ocorrem naquele momento;

Diacronia: analisa e estuda a língua em sua evolução através do tempo, seu desenvolvimento e mudanças;

Linguística teórica – elaboração de uma teoria geral da estrutura das línguas para sua descrição;
·         observar à descrever à analisar à gerar hipóteses e teorias à estudar
Linguística aplicada – aplicação das teorias descobertas para fins práticos, principalmente para métodos de ensino de línguas;


Estudos que se ocupam da língua em si:
·         Fonética trabalha com os sons (fones), seus modos de produção e descrição, e o aparelho fonador.
Ex: [ t ] consoante surda, oral, alveolar, oclusiva, explosiva;
·         Fonologiatrabalha com a função e organização dos sons (fonemas);
àem Português há 33 fonemas. /p/, /t/, /k/, /f/, /s/, /ʃ/, /b/, /d/, /g/, /m/, /n/, /ɲ/, /f/, /v/, /s/, /z/, /ʒ/, /l/, /ʎ/, /r/, /ɾ/, /a/, /ã/, /e/, /ẽ/, /ɛ/, /i/, /ĩ/, /o/, /õ/, /ɔ/, /u/, /ũ/;
·         Sintaxetrabalha com os itens lexicais e como esses se organizam na estrutura das sentenças;
·         Morfologiaestuda as formas das palavras de uma língua, sua formação; trabalha com os morfemas;
·         Semântica – trabalha com os sentidos e interpretações dos enunciados;
·         Lexicologiaestudo científico do léxico (repertório de palavras existentes numa determinada língua[1]);
à Linguística (estrutural) na Europa (1ª metade do século XX):
- Wilhelm HUMBOLDT (Alemanha) à Linguística comparativa
- Ferdinand Saussure (Suíça)
- Nikolai Trubetzkoy (Rússia) à Fonologia
- Roman Jakobson (Rússia) à funções da linguagem
- Louis Hjelmslev (Dinamarca) à Semiótica
à Linguística (estrutural) nos Estados Unidos:
- Franz BOAS
- Leonard BLOOMFIELD  (abordagem behaviorista do estudo da língua)
 - Edward SAPIR                
-  Benjamin Lee WHORF                (relação linguagem e pensamento)
à Noam CHOMSKY (1957, Syntactic Structures) quebra o modelo estruturalista ao apresentar a gramática gerativa (conjunto finito de regras que permitem ao falante gerar um número infinito de frases)
à competência: conhecimento que a pessoa tem das regras de uma língua;
à performance: uso efetivo da língua em situações reais;

Estudos que se ocupam da língua envolvendo-a com sua função social (2ª metade do século XX):
·         pragmática
à considera as características da utilização da linguagem;
à 3 filósofos ingleses: AUSTIN, SEARLE, GRICE;

·         sociolinguística
à estuda as variedades linguísticas;

·         psicolinguística
à estuda os comportamentos verbais em seus aspectos psicológicos, a aprendizagem de línguas, os atos de fala relacionados às características psicológicas dos falantes;
·         linguística textual
à Fatores de textualidade: (internos ao texto) CO-TEXTO
o    coesão (jogo de dependência entre as frases)
o    coerência (relações que atravessam o texto de acordo com sua intenção global)

·         análise do discurso
à envolve o contexto;
→ Há três pontos essenciais na análise do discurso:
o    a língua não está presa no interior do sistema;
o    a língua precisa relacionar-se com o contexto cultural;
o    há um envolvimento do locutor que produz as sequências de frases
→ o discurso é uma prática social que se materializa no texto;
Michel Pêcheux, na França, é o fundador da análise do discurso na década de 60, seguido por Eni Orlandi e outros estudiosos no Brasil até os dias atuais. Harris, em 1936, faz considerações importantes sobre análise do discurso.

·         teoria da enunciação
à Partindo das reflexões de estudos para além da frase e considerando significação, contexto situacional e sujeito falante, a teoria da enunciação tem como objeto de estudo, em princípio, o enunciado.
BENVENISTE, DUCROT,
Benveniste (1966) é o fundador desta teoria, na qual passa-se da frase para a enunciação, envolvendo elementos externos ao texto como:
o    aquele que fala, o locutor, o EU
o    aquele a quem o locutor se dirige, o interlocutor, o TU
Há um contexto de situação:
o    o espaço da enunciação, AQUI
o    o tempo da enunciação, AGORA
Ducrot (1980) estabelece a diferença entre frase e enunciado: (Orlandi, p.53)
→ frase é uma unidade linguística abstrata, puramente teórica, um conjunto de palavras combinadas segundo as regras da sintaxe;
→ enunciado é o que um locutor produz e o que um interlocutor ouve;

·         análise da conversação
à examina as interações verbais
·        linguística histórica
à estuda a evolução histórica das línguas;

·         SEMIÓTICA
à A semiótica tem por objeto o texto (→ signo, marca significante) considerando-o a partir de suas relações internas, procurando descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz, ou seja, busca a significação. Cabe à semiologia descrever os sistemas de signos.
Hjelmslev dá início à fundamentação deste novo campo e Greimas é um dos mais importantes teóricos da semiótica.
→ e semiótica é uma teoria da significação, que investiga o conteúdo, o sentido das formas;
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à Mikhail BAKHTIN (Marxismo e filosofia da linguagem, Rússia, 1929, sob o nome de VOLOSHINOV; traduzido inicialmente na Europa somente em 1970);
      oposição ao estruturalismo:
-          “subjetivismo idealista” à percepção da língua como atividade mental;
-          “objetivismo abstrato” à língua como sistema de regras passíveis de descrição;
      Considerar a língua como “atividade social” associada às necessidades da comunicação;
      O que importa é a ENUNCIAÇÃO, não o enunciado;
      ênfase na FALA, que é de natureza SOCIAL:
à  condições de comunicação + estruturas sociais
·         Todo signo é IDEOLÓGICO – a fala muda de acordo com as mudanças de ideologias;

Linguística no Brasil:
Os primeiros cursos de Letras no Brasil surgem em:
- 1934, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo;
- 1935, na Universidade do Distrito Federal;
- 1939, na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (RJ) e na Universidade de Minas Gerais;

- em 1962 foi aprovado o currículo mínimo para os cursos de Letras e a disciplina LINGUÍSTICA passa a ser obrigatória;

- Joaquim Mattoso Camara Jr. (que foi aluno de Jakobson nos EUA) ministrou o primeiro curso de Linguística no Brasil, na Universidade do Distrito Federal (1938-39), e depois na Universidade do Brasil (RJ) (1948);

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à Olhando para a linguagem através da Linguística

- Sabe o que o passarinho disse pra passarinha?
- Não.
- Qué danoninho?
(FONOLOGIA: dar no ninho = dá no ninho X danoninho)

O Senna é um ás no volante!
(MORFOLOGIA: ás = substantivo + no = preposição X asno = substantivo)

Perguntaram ao português:
- O que é um homossexual?
- É um sabão para lavar as partes.
(MORFOLOGIA: segmentação – homossexual ou Omo (sabão em pó) + sexual)

- Sua mãe tá aí. Você não vai receber?
- Receber por quê? Por acaso ela me deve alguma coisa?
(SINTAXE: receber VTD e VTDI)

Domingo à tarde, no interior de São Paulo, o avô assiste um programa
de televisão. Seu neto passa por ele e pergunta:
            - Firme?
            O avô responde:
            - Não. Sirvio Santos.
 (SOCIOLINGUÍSTICA: Variação linguística de idade)
 à troca do “L” pelo “R” - rotacismo

Na viagem, a mãe ajuda a filha, que está enjoada. O cavalheiro ao lado pergunta:
- Foi comida?
- Foi, mas vai casar – responde a mãe.
(Semântica: ambiguidade do verbo “comer”)

- Mamãe, que significa a expressão “os opostos se atraem”?
- Significa que você vai se casar com uma mulher bonita, inteligente e de grande personalidade.
(Semântica – inferência)

(Semântica – ambiguidade do verbo “torcer”)



BIBLIOGRAFIA:

 FIORIN, José Luiz. A criação dos cursos de Letras no Brasil e as primeiras
            orientações da pesquisa Linguística universitária. Revista Línguas &   
             Letras, vol. 7, nº 12, 2006. (p.11 – 25) Disponível em:                                                
            http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/887
DUBOIS, J. e outros. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 1978.
MATTOSO CAMARA JR., J. Dicionário de Linguística e Gramática. 16ª ed. 
            Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
ORLANDI, Eni & LAGAZZI-RODRIGUES, Suzi. (orgs) Discurso e Textualidade. 
Campinas: Pontes, 2006.

PERINI, Mário A. Sobre língua, linguagem e Linguística: uma entrevista com
Mário A. Perini. ReVEL.Vol. 8, n. 14, 2010.  [www.revel.inf.br].
POSSENTI, Sírio. Os humores da língua: análises linguísticas de piadas.
Campinas, SP: Mercado das Letras, 1998.
Weedwood, Barbara; [trad.] Marcos Bagno. História concisa da Linguística.
            São Paulo: Parábola Editorial, 2002.


Date: Thu, 10 Nov 2011 06:31:59 -0200
From: elaine.testoni@bol.com.br
To: martenze@hotmail.com; monylf@gmail.com; euamoestudar2010@yahoo.com.br; iesaletras@gmail.com
Subject: Aula - Linguística - Breve panorama - Ana Paula


"Olá, caros alunos.

Encaminho a aula apresentada pela Ana Paula.

Abraços,
profa. Elaine."




* Atenção: A configuração da pagina não é igual a folha do xerox. 
* Obs: Anexo enviado por e-mail a todos os alunos, caso não tenha recebido solicitar atraves dos comentarios ou pessoalmente na sala de aula











domingo, 6 de novembro de 2011

O Formalismo Russo em linhas gerais

O FORMALISMO RUSSO EM LINHAS GERAIS

 Compreender os    conceitos propostos e trabalhados pelos formalistas é de grande importância para os profissionais da área de teoria e crítica literária, visto que o formalismo buscou um status de autonomia para a crítica literária, desvinculando-a de um estudo historicista, por exemplo. Ainda hoje podemos perceber alguns elementos das técnicas formalistas muito vivos em ensaios e críticas. Mas, para chegarmos ao surgimento do formalismo propriamente dito, faz-se necessário ter um panorama literário do início do século XX, que possibilitou o florescimento dos conceitos formalistas.
            Em um rápido retorno ao cenário dos primeiros anos do século XX, o que se pode perceber é uma forte presença de uma história literária acadêmica, de raízes positivistas; tal história literária estava dominada pela erudição e pouco voltada aos valores estéticos. A crítica impressionista, desenvolvida em jornais e revistas, era pouco rigorosa e séria. Nas universidades, o ensino de linguística fazia-se igualmente dentro dos padrões positivistas, sob o signo do historicismo e da erudição. Em outras palavras, é visível neste contexto “pré-formalismo” a priorização da produção de crítica literária do biografismo, do filosofismo e da historicidade.
            Dentro do contexto apresentado é que surgiram as primeiras manifestações formalistas; novas gerações de estudantes que ingressavam nas universidades russas, mostravam-se descontentes com os modelos acadêmicos em vigência. Tal descontentamento foi o motivador para que se procurasse novas orientações, dentre as quais vale comentar sobre duas: O Círculo Linguístico de Moscou, fundado em 1914 por um grupo de jovens alunos da Universidade de Moscou, que se propunham a desenvolver estudos de linguística e poética, e do qual fizeram parte Buslaev, Vinokur e Roman Jakobson; Opojaz, fundado em 1916 por um grupo de linguistas e de estudiosos da literatura em São Petersburgo, que consistia em uma sociedade para o estudo de linguagem poética, na qual se distinguiam os teorizadores literários Victor Chklovski e Boris Ejchenbaum. Ambos os grupos possuíam íntima relação com as vanguardas europeias, sobretudo com o futurismo.
           Antes de uma caracterização do formalismo, tracemos uma linha temporal com os fatos mais relevantes. Após a Revolução Comunista de 1917, os formalistas russos continuaram desenvolvendo suas atividades intensamente, multiplicando anualmente suas publicações e alargando o campo de estudo. Por volta de 1924, ganhou força a oposição dos intelectuais e dos dirigentes marxistas às doutrinas do Opojaz, iniciando-se um polêmico período de ataques violentos. Na obra Literatura e revolução (1924), Trotsky criticou duramente os pressupostos teóricos e o método formalistas; tal obra abriu caminho para outras críticas mais severas.       Conforme o Partido Comunista impunha sua disciplina na vida cultural russa, as doutrinas formalistas foram silenciadas. Por volta de 1930, o formalismo russo extinguiu-se.
           Cabe agora tratar, mais precisamente, dos aspectos de maior importância acerca do formalismo. Em primeiro lugar, o formalismo russo pretende conferir à crítica literária um caráter bem definido, atribuindo-lhe um objeto de estudo bem especificado e um método próprio, a fim de cessar com a confusão entre os diversos domínios do conhecimento. Os formalistas reagem contra a crítica impressionista, subjetivista e tendenciosa; reagem também contra a crítica acadêmica de cunho erudito, ignorante dos problemas teóricos implicados pelo fenômeno literário.
           A ciência da literatura, segundo eles, deve estudar a literariedade, isto é, o que confere a uma obra sua qualidade literária, aquilo que constitui o conjunto de traços distintivos do objeto literário. Tal princípio fundamental conduziu os formalistas a definirem os caracteres específicos do fato literário: não procuravam esta especificação no estado de alma, na pessoa do poeta, mas sim no poema; também não buscaram essa especificação na natureza da experiência humana ou da vivência contidas no poema, nem nas categorias e nos axiomas de qualquer estética especulativa. A especificação que buscavam, estava no próprio texto literário, é algo imanente do próprio texto, que deveria ser tomado como objeto de estudo.
           Para estabelecerem os caracteres próprios do objeto literário, os formalistas decidiram comparar a série literária com outra série de fatos que tivesse uma função diferente, mesmo estando estreitamente ligada com aquela. O caminho seguido foi a comparação entre a linguagem poética e a linguagem cotidiana.
            Em termos metodológicos, o método dos formalistas russos é basicamente descritivo e morfológico, ou seja, visa o conhecimento da obra como organização artística, mediante uma descrição exaustiva dos seus elementos componentes e respectivas funções. Inicialmente, interessaram-se pelos problemas fono-estilísticos do verso, ocupando-se com o estudo do ritmo, a relação do ritmo com a sintaxe, análise de esquemas métricos, eufonia etc. Depois, superaram esse nível de análise, voltando-se a estudos semânticos da linguagem literária, sobre metáforas e imagens, fraseologia, técnicas usadas pelos escritores. O romance, a novela e o conto atraíram principalmente os formalistas, pioneiros no estudo sistemático dos aspectos técnicos dessas formas literárias. Dentre os problemas do gênero narrativo estudados a fundo pelos formalistas, pode-se citar a diferenciação entre romance e novela, as diferentes formas de construção do romance e a importância do fator tempo na estrutura romanesca.
            Outro conceito importante trabalhado pelos formalistas foi o conceito de forma. A dicotomia fundo-forma punha a forma como algo exterior, espécie de recipiente em que se vaza depois um conteúdo; tal conceito, estático e espacial, foi unanimemente refutado pelo formalismo, que propôs um conceito dinâmico, no qual a unidade da obra é uma totalidade dinâmica, “cujos elementos não estão ligados por um sinal de igualdade e de adição, mas por um sinal dinâmico de correlação e integração”. Os chamados elementos ideológicos – elementos cognitivos, emocionais, ou de outra ordem – estão presentes em uma forma e não podem ser analisados e valorizados senão por meio da sua corporização artística; não existem em literatura por si, como valores independentes de um contexto literário, e por isso devem ser estudados nas suas específicas forma e função literárias. A noção de forma identifica-se com a própria obra artística conceituada na sua unidade e na sua integralidade, deixando de precisar de qualquer termo correlato e complementar.
            O formalismo nunca defendeu, exceto em alguns extremismos da fase inicial, que a obra literária devesse ser estudada como um objeto isolado, fora de uma perspectiva histórica. Aliás, ocupam a posição central nas teorias formalistas os pressupostos de que: a obra não pode ser arrancada de um contexto histórico literário; a perspectiva diacrônica é indispensável para a precisa análise do fenômeno literário. Sendo assim, a própria dinâmica do surgimento de novas formas literárias é radicalmente histórica, onde se pode observar que a forma nova dá lugar à forma antiga, gasta e tendendo para o automatismo, ou seja, já não desempenhando a função estética.
            Dentre os vários formalistas russos, se faz necessário ao menos comentar o trabalho de alguns. Comecemos por Chklovski.
           Viktor Chklovski reagiu contra a doutrina na qual a linguagem poética consistiria em um pensamento por imagens, afirmando que na linguagem poética é de grande importância o aspecto articulatório, já que no verso há muitos sons sem qualquer ligação com uma imagem e que possuem uma função verbal autônoma. Em "A arte como processo", importante ensaio, afirma que a imagem é apenas um dos variados elementos do sistema de processos artísticos utilizado pelo escritor. Os conceitos de imagística e de linguagem poética não são coextensivos, pois as imagens podem surgir em diferentes níveis linguísticos e, por outro lado, pode existir uma linguagem poética isenta de imagens.
           Um dos pontos mais interessantes do referido ensaio diz respeito à questão da automatização e perceptibilidade da linguagem. A atividade humana tende para a rotina e para o automatismo do hábito, o que se reflete na linguagem cotidiana. Por isso, os objetos são percepcionados na comunicação pela linguagem cotidiana de modo esfumado, apenas através de um dos seus elementos ou através dos seus caracteres genéricos e superficiais; a linguagem poética, no entanto, fornece “uma sensação do objeto como visão e não como reconhecimento”. O escritor deforma a realidade para melhor atrair o leitor, consistindo o seu processo básico de representação do real em um processo de singularização dos objetos.
           Roman Jakobson, outro renomado formalista, procurou estabelecer a essência da literariedade a partir da análise do instrumento utilizado pelo escritor, a fim de distinguir a linguagem poética da linguagem informativa e da emotiva: “O traço distintivo da poesia reside no fato de que, nela, uma palavra é percebida como uma palavra e não meramente como um mandatário dos objetos denotados, nem como a explosão de uma emoção; reside no fato de que, nela, as palavras e o seu arranjo, o seu significado, a sua forma externa e interna, adquirem peso e valor por si próprios”.
            Boris Ejchenbaum em seus estudos nos diz que na linguagem poética, a palavra se situa em uma nova atmosfera semântica. O aspecto mais relevante da semântica poética reside na “formação de significações marginais que violam as associações verbais habituais”, denominada de ambiguidade significativa.
           Entre os demais formalistas russos que publicaram trabalhos de valores tão significativos quanto os que foram comentados anteriormente, vale citar: Tomasevskij, que analisou a questão do valor autônomo das estruturas verbais na obra literária; Tynianov, que desenvolveu análises sobre a relação posicional dos vocábulos na linguagem literária e redefiniu conceitos como sistema e função ligados à evolução literária; Vinogradov, que trabalhou com a questão das tarefas da estilística; e, por fim, Mukarovsky, que também trabalhou com a relação entre a história e a evolução das estruturas artísticas.Com esta breve relação dos nomes mais importantes do formalismo russo, chega-se ao fim este estudo sistemático e condensado sobre o formalismo russo. Espera-se que as informações expostas e brevemente explicadas aqui sirvam de ponto de partida para pesquisas mais profundas acerca do assunto e que, com a leitura deste texto, os leigos no assunto possam ter adquirido algum conhecimento significativo deste valoroso movimento na teoria literária do início do século passado.
_______________________________________________
Fontes de Consulta:
•    CHKLOVSKI, Viktor. "A Arte como Procedimento"; 1917.
•    ____________. "A Construção da Novela e do Romance".
•    JAKOBSON, Roman. "Do Realismo Artístico".
•    TOMACHEVSKI. "Temática"; 1925.
•    EICHENBAUM, Boris. "A Teoria do Método Formal"; 1925.
•    TYNIANOV, J. "A Noção de Construção"; 1923.
•    ____________. "Da Evolução Literária"; 1927.
•    PROPP, Vladimir. "As Transformações dos Contos Fantásticos"; 1928.
•    VINOGRADOV. "As Tarefas da Estilística"; 1922.
•    TOLEDO, Dionísio de Oliveira. Teoria da Literatura: formalistas russos. Porto Alegre, Editora Globo, 1971.
•    POMORSKA, Krystyna. Formalismo e Futurismo. Ed. Perspectiva, série Debates, 1972.
•    AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel de. "Capítulo XIII - O Formalismo Russo" in. Teoria da Literatura. 3ªed., Livraria Almedina, Coimbra, 1979.




De:joice.letras (joice.letras@bol.com.br)
Enviada:domingo, 6 de novembro de 2011 15:25:32
Para: s1letras@hotmail.com (s1letras@hotmail.com)


"Olá, caríssimos...

Conforme mencionado durante as aulas, seguem as apostilas sobre conteúdo do bimestre, é uma releitura, sendo assim, solicito leitura com atenção, pois é material para N2 mais a apostila estudada.

Solicito que divulguem a todos, não há cópia na xérox.

Bom estudo.

Profª Jóice "




* Obs: Anexo enviado por e-mail a todos os alunos, caso não tenha recebido solicitar atraves dos comentarios ou pessoalmente na sala de aula

TEORIA DA LITERATURA II

 IESA/UNIESP – TEORIA DA LITERATURA II

Correntes fenomenológicas

    A teoria fenomenológica dos extratos foi exposta pelo polonês Roman Ingargen, em livro de 1931. Segundo essa corrente, a estrutura fundamental ou a essência de uma obra literária consiste num sistema e camadas ou estratos, distintos mas integrados, de que são os seguintes:
1º) Estrato das formas fônicos-linguísticas.
2º) Extrato das unidade de significação.
3º) Estratos dos aspectos esquematizados.
4º) Estrato das objetividades apresentadas.
    A escola de Zurique, chamada alternativamente escola da interpretação, encontra em Emil Staiger seu integrante mais conhecido e influente. As obra de Staiger cabe destacar o livro Conceitos fundamentais da poética, de a946, em que o pesquisador suíço empreende um estudo de três literários reconhecidos pela tradição – o lírico, o épico e o dramático -, baseando sua reflexão em princípios provenientes das obras dos filósofos Edmund Husserl, o fundador da fenomenologia,e Martin Heidegger, principal representante da chamada filosofia da existência.

Correntes sociológicas

    Predominam preocupações sociológicas ou ético-políticas. São elas: a crítica existencialista, a crítica marxista, a crítica sociológica e a estética da recepção.
    Crítica existencialista – segundo seu principal autor, Jean-Paul Sartre, vê a literatura como um processo de revelação do mundo através da palavra, constituindo essa revelação um modo de ação social, assinalado por compromissos éticos e políticos.
    Crítica marxista – conforme obviamente revela seu nome, baseia-se no pensamento de Karl Marx – suas análises econômicas, sociais, políticas e ideológicas -, ou ainda nas reinterpretações contemporâneas da obra desse pensador. Em seu âmbito cabem desde simplistas apologias de uma literatura dita engajada, que se pretende identificada aos interesses em estudar as relações entre ideologia e processo produção/recepção da literatura, ou ainda na pesquisa da incidência dos fatores econômico-sociais sobre o texto literário.
    Crítica sociológica – é uma conceituação muito ampla e, consequentemente, bastante vaga. No seu âmbito há razões para situar, por exemplo, tanto a crítica marxista como de outros autores vinculados à escola de Frankfurt (como Theodor Adorno e Walter Benjamim). Além disso, dado o amplo espectro das pesquisas de timbre sociológico, convém distinguir entre aquelas que mais propriamente pertencem à sociologia da literatura – em que o aparato conceitual lógico não deixa espaço para uma perspectiva baseada na teoria da literatura – e aquelas em que prevalecem os pontos de vista dessa última disciplina.
New Criticism
    Constitui corrente de procedência anglo-america, que se esboça nos anos 20 e se apresenta como movimento definido na década seguinte. Sua noção-chave é conhecida pelo termo close reading, análise minuciosa do texto, entendido como tessitura da linguagem autônoma em relação a fatores extratextuais. Na área de influência do New Criticism, pode-se ainda colocar a chamada escola de Chicago, surgida em fins dos anos 30 como um ramo seu, tendo depois evoluído para uma posição dissidente, francamente antagônica às teses básicas do movimento neocriticista.
  
Relembrando:

O formalismo russo situou, em outras palavras que, num grau mais refinado e abstrato o objeto da teoria da literatura não PE o conjunto de obras  consideradas literárias stricto sensu, mas “propriedades específicas”. Essa corrente da teoria da literatura situou essa questão de maneira contudente e programática. Sua enunciação coube ao lingüista russo Roman Jakobson, em seu trabalhdo e 1919.
        ...o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determinada obra uma obra literária.



Profª Jóice Aparecida de Souza Pinto.

SOUZA. Roberto Acízelo. Teoria da Literatura. São Paulo. Ed. Ática.1997.

De:joice.letras (joice.letras@bol.com.br)
Enviada:domingo, 6 de novembro de 2011 15:25:32
Para: s1letras@hotmail.com (s1letras@hotmail.com)
"Olá, caríssimos...

Conforme mencionado durante as aulas, seguem as apostilas sobre conteúdo do bimestre, é uma releitura, sendo assim, solicito leitura com atenção, pois é material para N2 mais a apostila estudada.

Solicito que divulguem a todos, não há cópia na xérox.

Bom estudo.

Profª Jóice
"
* Obs: Anexo enviado por e-mail a todos os alunos, caso não tenha recebido solicitar atraves dos comentarios ou pessoalmente na sala de aula
Postado por Rodrigo P.